Agência Parceira: RGB Comunicação

A SAGA DA IMIGRAÇÃO ITALIANA NO BRASIL

Caros leitores, neste mês de Agosto, continuaremos a falar sobre a "SAGA DA IMIGRAÇÃO ITALIANA NO BRASIL", que ocorre mensal­mente na revista ACONTECE.

Nos meses anteriores (Junho e julho, ano 18 edição n ° 221/222) falamos um pouco, sobre o porque ocorreu a IMIGRAÇÃO ITALIANA no Brasil e no Estado de São Paulo.

NESTE MÊS iremos abordar sobre a IMIGRAÇÃO ITALIANA NA RE­GIÃO METROPOLITANA DE RIBEIRÃO PRETO.

Na região de Ribeirão Preto, as terras eram extremamente férteis e com o tempo, essa terra passou a se chamar terra "roxa", uma alusão feita à expressão "terra rossa", utilizada pelos italianos. Na verdade, o solo avermelhado veio a constituir uma das regiões de maior produção cafeeira no período.

Oeste Paulista era a denominação dada à região de Campinas e, depois, Oeste Novo Paulista foi a denominação dada à região de Ribeirão Preto.

Sob a perspectiva geográfica esta denominação está incorreta, mas foi a forma encontrada para diferenciar as antigas áreas produtoras do Vale do Paraíba, naquele momento iniciou-se, então, um longo processo de discussão entre os políticos se seus representados no sentido de garantir a mão de obra necessária à lavoura cafeeira.

A solução encontrada foi buscar imigrantes e, ainda que discordas­sem sobre a forma como isso seria feito, já havia a definição de que deveriam ser preferencialmente europeus, brancos e católicos. A partir de então, investimentos começaram a ser feitos no sentido de conseguir trabalhadores imigrantes para as lavouras.

Segundo Alvim (1986), entre os anos de 1880 e 1920, podemos distinguir três períodos da imigração italiana:

O primeiro momento - 1870-1885 - caracteriza-se pela articulação política do grupo do Oeste, paralelamente à desagregação de mão­-de-obra escrava; pelas primeiras tentativas de se apoiara produ­ção cafeeira na mão-de-obra livre; e pela ausência de uma política imigratória definida. Neste período, os italianos ainda não eram a maioria dos imigrantes.

Num segundo momento -1885-1902 - consolida-se nova facção eco­nômica no poder - os fazendeiros do Oeste -, enquanto o mercado de trabalho se apoia de fato na mão-de-obra livre, definindo-se, então, uma política imigratória basicamente calcada no imigrante italiano.

Finalmente - 1902-1920 -, período em que o poder político do novo grupo se mantém inalterado e em que se consolida, em todo o país, a política imigratória iniciada por São Paulo. Com uma diferença, porém, definida pela queda brusca na entrada de italianos, basica­mente porque passaram a ser atraídos pelo mercado de trabalho norte-americano, e menos em decorrência das restrições determi­nadas pelo Decreto Prinetti, com que o governo italiano, em 1902, proibiu a emigração desenfreada de seus súditos para o nosso país. (ALVIM, 1986, P.21). Por outro lado, na Europa, as relações capitalis­tas estavam se transformando, ganhando nova configuração inter­nacional. A Itália, nação que se unificou tardiamente, experimentou a penetração do capitalismo no campo de forma avassaladora. Para Alvim (1986), essas relações podem ser assim identificadas pela concentração de propriedade, altas taxas de impostos sobre aterra, que impeliram pequenos proprietários a empréstimos e ao conse­quente endividamento; oferta, pela grande propriedade de produtos a preços inferiores no mercado, eliminando a concorrência do pe­queno agricultor; e finalmente, a sua transferência em mão-de-obra para a indústria nascente (ALVIM, 1986, P. 22) Esse processo não foi uniforme em todas as regiões da Itália, nem aconteceu ao mesmo tempo, em todos os lugares.

Entretanto, ele criou uma situação insustentável, do ponto de vista da sobrevivência de muitas pessoas, uma vez que para elas, só res­tou a migração em massa. Em números totais saíram da Itália cerca de 20 milhões de pessoas, entre os anos de 1861 a 1940, transfor­mando essa nação na grande fornecedora de mão-de-obra barata para os ajustes das novas relações capitalistas. O Vêneto foi a região que mais forneceu imigrantes para o Brasil.

A expansão cafeeira trouxe ao interior da Província de São Paulo o aumento do número de vilarejos localizados nas "bocas do sertão".

Esses vilarejos e pequenas povoações fo­ram se desmembrando de outras cidades, formando novos municípios, dentro do terri­tório mais antigo. No ano de 1850, havia 46 municípios na Província de São Paulo, em 1886 eram 121 e em 1920 eram 206 muni­cípios. A cidade de Ribeirão Preto tornou-se, no final do século XIX e início do século XX, uma das regiões mais importantes do Brasil no eixo da produção cafeeira. Até meados do século XIX, a região de Ribeirão Preto, constituía-se de pequenos vilarejos, que até então serviam de pouso e passagem para outras regiões, como Goiás e Minas Gerais. Pesquisas apontam que, em suas origens, a cidade dependeu, num primeiro momento, de levas de migrantes mineiros que se de­dicavam à pecuária e à agricultura (LAGES, 1996).

A formação do Núcleo Antônio Prado, estu­dado por Adriana C. B.Silva serviu para atrair imigrantes que possuíam algum recurso a se instalarem na região, contribuindo para a aquisição de mão-de-obra para as lavouras e para a produção de gêneros de subsistência. Na prática, pedreiros, marceneiros, carpintei­ros e outros profissionais se estabeleceram nos lotes e deram origem aos atuais bairros de Campos Elíseos e Ipiranga, região que na época, era denominada Barracão.

Essas novas e pequenas chácaras passa­ram a abastecer o mercado da região com seus produtos, e por sua vez, passaram a consumir mais, contribuindo para o cresci­mento do comércio e do setor de serviços. Apesar do contraponto entre o desenvolvi­mento e a produção de riquezas, em Ribei­rão Preto, a população sofria com a falta de saneamento e com as epidemias que gras­savam o Brasil.

Em nome da civilidade, cidadãos clamavam nos jornais da cidade, por medidas sanitá­rias que impedissem o avanço de epide­mias, como: febre amarela, varíola, cólera, gripe espanhola, entre outras, ou critica­vam o estado em que se encontravam os córregos da cidade. (TUON, 1997). Então, a Santa Casa de Misericórdia, o Asilo dos Inválidos, o Lazareto e até um novo cemi­tério foram construídos fora do quadrilátero central. Apesar das epidemias terem provo­cado a morte de milhares de pessoas, no período, o Dr. Eduardo Lopes, médico res­ponsável pelo Serviço Sanitário da cidade, escreveu um relatório, em 1916, afirmando que além das epidemias, outras causas pro­vocavam muitas mortes, como verminoses, além das doenças como o tracoma, que era uma inflamação nos olhos, muito incômoda e dolorosa aos que a adquiriam (ACIDADE, 31/10/1916, p. 1). Casos de hidrofobia tam­bém assustavam a população, também co­nhecida como raiva animal, a doença não tinha cura e foram várias as reclamações nos jornais sobre o descuido com os ani­mais que viviam abandonados.(A CIDADE, 5/01/1915, p.1)De todas as epidemias que assolaram a região, sem dúvida a Gripe Espanhola foi a mais avassaladora. A gripe se alastrou de tal forma que nem mesmo a Santa Casa e o Hospital de Isolamento fo­ram suficientes para atender todos os do­entes. Com alta taxa de mortalidade, até os jornais locais deixaram de circular por algum tempo, já que seus profissionais também ficaram doentes. Médicos colocaram carta­zes avisando que todos seriam atendidos, mesmo os que não pudessem  pagar, mas ao que tudo indica, a quantidade de pacien­tes obrigava o isolamento de doentes, sen­do que até mesmo as crianças tinham que ficar longe dos pais, provocando grande re­volta na população.

Em 1898, foi fundada a Societá Italiana di Mutuo Soccorso Unione e Fratellanza. Esta sociedade manteve uma escola para alfabe­tizar os filhos dos sócios, em língua italiana, promoveu ações de ajuda mútua, buscando o reconhecimento da sociedade local. Além destas duas importantes e atuantes socie­dades, podemos destacar a Societá Unione Meridionale, fundada em 1900, que se uniu à Societá Italiana di Mútuo Soccorso Unio­ne e Fratellanza em 1903, fazendo surgir, desta forma, a Societá di Mutuo Soccorso e Beneficenza Pátria e Lavoro, que em 1910 constituiu o Comitato della Societá Dante Alighieri de Ribeirão Preto. Desde suas ori­gens a Sociedade Dante Alighieri teve como princípios a congregação da colônia italiana e o desenvolvimento de relações com as demais colônias italianas, através de ativi­dades culturais, desportivas, recreativas e beneficentes. Abrigou o Circolo Italiano de Ribeirão Preto, que depois se transformou num setor da Dante Alighieri, destinado a cuidar da valorização da cultura italiana.

  

Meus agradecimentos ao Trabalho da Dra. LIAMAR IZILDA TUON, da qual pude retirar fragmentos para esta reportagem histórica.

(https://pt.scribd.com/document/118847041/Italianos-em-Ribeirao--Preto-Colecao-Identidades-Culturais)

No próximo mês iremos falar sobre as famí­lias que mantiveram suas raízes em nossa região.

Se for descendente e quer contar a historia de sua família, tirar duvidas sobre como adquirir sua Cidadania, envie um e-mail para:

danilobonalum icidadania@gmail. com.

Endereço para correspondência: Rua Américo Brasiliense 284, sala 111 - CEP 14015-900

Danilo Bonalumi

Ítalobrasileiro, nascido em Ribeirão Preto e consultor em Cidadania Italiana.