Agência Parceira: RGB Comunicação

A SAGA DA IMIGRAÇÃO ITALIANA NO BRASIL

Caros leitores, neste mês de Julho, continuaremos a falar sobre a “SAGA DA IMIGRAÇÃO ITALIANA NO BRASIL”, que ocorre mensalmente na revista ACONTECE.

No mês passado (Junho, ano 18 edição n º 221) falamos um pouco, sobre o porquê ocorreu a IMIGRAÇÃO ITALIANA no Brasil.

NESTE MÊS iremos abordar sobre a IMIGRAÇÃO ITALIANA NO ESTADO DE SÃO PAULO.

A imigração subsidiada ITALIANA priorizava a vinda de famílias e homens adultos ao país, que desembarcavam no Porto de Santos e eram levados de trem até a Hospedaria dos Imigrantes, na capital. Localizada no bairro do Bom Retiro e, posteriormente, no Brás, em São Paulo, a Hospedaria de Imigrantes era destinada a abrigar os recém-chegados nos seus primeiros dias em São Paulo. Em geral, eles ficavam lá hospedados por pouco tempo, até a regularização de seus contratos de trabalho. Acompanhe a movimentação de pessoas alojadas na Hospedaria dos Imigrantes no período de 1894 até 1930.

Até 1920, o estado de São Paulo havia recebido aproximadamente 70% dos imigrantes italianos que vieram para o Brasil, representando 9% da sua população total, pelo fato de as fazendas de café terem se concentrado nessa região e de esse estado ter investido grande quantia de dinheiro subsidiando a passagem dos imigrantes. Até o ano de 1920, deram entrada nesse estado 1.078.437 italianos.

São Paulo recebeu imigrantes de diversas regiões da Itália. Nos registros paroquiais de São Carlos, cidade produtora de café no interior de São Paulo, para o período compreendido entre 1880 e 1914, foi-se registrado que, dentre os italianos que ali se casaram, 29% dos homens e 31% das mulheres eram oriundos do Norte da Itália, sendo o Vêneto a região mais bem representada, com 20% dos homens e 22% das mulheres, seguido da Lombardia com 5% dos homens e 6% das mulheres. Os italianos do Sul também eram bastante numerosos, correspondendo a 20% dos homens e 15% das mulheres de nacionalidade italiana. Calábria, com 7% dos homens e 5% das mulheres e Campânia, com 6% dos homens e 5% das mulheres eram as regiões sulistas que mais mandaram imigrantes para São Carlos.

Em São Paulo, assim como no resto do Brasil, havia a tendência dos imigrantes do Norte da Itália rumarem para a zona rural, enquanto os do Sul preferiam se dedicar às ocupações urbanas. Isso explica o fato de, na cidade de São Paulo, os meridionais terem dominado bairros inteiros, como foi o caso do Bixiga, do Brás e da Mooca, habitados especialmente por imigrantes oriundos da Calábria e de Campânia.

Em 2013, viviam em São Paulo aproximadamente quinze milhões de italianos e descendentes, representando cerca de 34% da população do estado.

O Edifício Itália, no centro de São Paulo, um dos símbolos da imigração italiana na cidade.

Embora pouco estudada, houve também em São Paulo, em menores proporções, uma política de fixação dos imigrantes na terra, parecida com a ocorrida no Sul, a partir da venda de lotes nos chamados Núcleos Coloniais. Alguns destes núcleos que se destacaram na compra de lotes pelos italianos são os de São Caetano (São Caetano do Sul), Quiririm O Edifício Itália, no centro de São Paulo, um dos símbolos da imigração italiana na cidade. (Taubaté), Santa Olímpia e Santana (Piracicaba), Barão de Jundiaí (Jundiaí), Sabaúna (Mogi das Cruzes), Piaguí (Guaratinguetá), Cascalho (Cordeirópolis), Canas (Canas), Pariquera-Açú (Pariquera- -Açú), Antônio Prado (Ribeirão Preto), entre outros.

O núcleo de São Caetano, na cidade de São Caetano do Sul, foi instalado em 1877 numa antiga fazenda de beneditinos, próximo às linhas da estrada de ferro Santos-Jundiaí. Foi formado, inicialmente, por 28 famílias da região de Vitório-Vêneto.

Torcedores do Palmeiras no Estádio Palestra Itália. O clube foi fundado por imigrantes em 1914 como Società Sportiva Palestra Italia.

O de Quiririm foi formado em 1890 por famílias do Vêneto em uma região formada por várzeas, no município de Taubaté. Em 1892, de acordo com o relatório do engenheiro Fernando Dupré ao secretário Jorge Tibiriçá, era composto por 424 pessoas, sendo 69 famílias italianas, num total de 193 colonos. Os italianos se dedicavam principalmente ao plantio do arroz nas várzeas, atividade que muitos já exerciam na terra natal, também encorajados pelo governo como alternativa à cultura do café, já em decadência no município. Na colônia funcionavam algumas associações mantidas pela comunidade italiana da cidade, mas o núcleo também contou com uma associação própria, a Societá Beneficente Unione de Quiririm, organizada pelo colono Manoel Rho. Os colonos também formaram seu próprio clube de futebol, o Quiririm Sport Club.

O núcleo de Canas foi o primeiro de caráter oficial no Vale do Paraíba, à época localizado entre Lorena e Cachoeira. Formado em 1885 por 309 pessoas, sendo 112 italianos, dedicava-se à produção de cana-de-açúcar para o Engenho Central de Lorena. Fica localizado, atualmente, no município de Canas.

Em Guaratinguetá, no ano de 1892, foi implantado o núcleo do Piaguí, por iniciativa do então deputado Rodrigues Alves. Os primeiros colonos formavam 91 famílias, sendo 33 italianas. Os colonos produziam, entre outras coisas, feijão, milho, batata doce e cana-de-açúcar. 

Paróquia Nossa Senhora Achiropita, no Bixiga, em São Paulo, onde a Festa de Nossa Senhora Achiropita acontece desde 1926

No sul do estado, em 1858, formou- -se o núcleo de Pariquera-Açu, na cidade homônima. Embora de origem antiga, esta colónia só passou a receber imigrantes de forma considerável a partir da última década do século XIX. Segundo o Relatório da Secretaria de Agricultura de São Paulo para o ano de 1900, o núcleo contava com 1.771 colonos, sendo 390 italianos. Eles se dedicavam ao plantio agrícola, sobretudo de produtos como aguardente, milho, batata doce, batata inglesa e arroz.

Em Mogi das Cruzes, no ano de 1889, uma família de tiroleses formou o núcleo de Sabaúna. Em 1900, o núcleo já contava com 1.337 pessoas, sendo os italianos, depois dos espanhóis, o segundo maior contingente de estrangeiros, contabilizando 112 colonos. Assim como a maioria dos núcleos coloniais, os colonos dedicavam-se a uma variedade de cultivos, como milho, arroz e batata doce. 

Embora os italianos fossem, em sua maioria, trabalhar nas fazendas de café da cidade de Ribeirão Preto, houve a implantação, em 1887, do núcleo Antônio Prado, o único na região. Mesmo tendo durado pouco (em 1893, o núcleo foi emancipado, sendo incorporado ao município), foi nele que se formaram alguns importantes bairros do município, como o Ipiranga e os Campos Elísios. Os italianos eram metade dos colonos requerendo seus lotes, sendo 96 de 183 pessoas. Dedicavam-se ao plantio de milho, arroz, feijão e também criavam animais.

Ouve-se falar o italiano mais em São Paulo do que em Turim, em Milão e em Nápoles, porque entre nós se falam os dialetos e em São Paulo todos os dialetos se fundem sob o influxo dos vênetos e toscanos, que são em maioria (Gina Lombroso, viajante italiana em São Paulo no início do século XX).

(...) a impressão de espanto de um mineiro ao conhecer São Paulo em 1902:’ Os meus ouvidos e os meus olhos guardaram cenas inesquecivéis. Não sei se a Itália o seria menos em São Paulo. No bonde, no teatro, na rua, na igreja, fala-se mais o idioma de Dante que o de Camões. Os maiores e mais numerosos comerciantes e industriais eram italianos’. Sousa Pinto, um jornalista português que esteve na Cidade na mesma época, não conseguiu se fazer entender por vários chocheiros de tílburi, todos falando dialetos peninsulares e gesticulando à napolitana. Escritas em italiano eram também as tabuletas de vários edifícios. ‘Encontramo-nos a cogitar se por um estranho fenômeno de letargia em vez de descer em São Paulo teríamos ido parar à Cidade de Vesúvio’ (...) (Ernani da Silva Bruno. História e tradições da cidade de São Paulo).

No próximo mês iremos falar sobre as famílias que se originaram em nossa Região , descendentes de ITALIANOS.

Se for descendente e quer contar a historia de sua família, tirar duvidas sobre como adquirir sua Cidadania, envie um e-mail para: danilobonalumicidadania@gmail.com

Endereço para correspondência: Rua Américo Brasiliense 284, sala 111 - CEP 14015-900

(16) 3632-8787 

Centro - Ribeirão Preto.

por Danilo Bonalumi

Ítalobrasileiro, nascido em Ribeirão Preto e consultor em Cidadania Italiana.