Agência Parceira: RGB Comunicação

COISINHAS INOCENTES

A corrupção continua mais ativa do que nunca, seja em um ministério poderoso, um postinho de saúde ou escolinha singela da periferia

Corrupção. Essa é a palavra mais ouvida nos últimos três ou quatro anos e tema central das eleições passadas. Quase todas as campanhas elegeram o combate à corrupção como argumento central e milhares de pessoas foram às ruas levantando essa bandeira. Também alvo de discussões não muito civilizadas pelas redes sociais capazes até de desfazer amizades. Lembrou-me até um trecho de uma música (antiga, por sinal) do Martinho da Vila: “irmão desconhece irmão...)

Inegável que essa praga deve ser repudiada e combatida. Mas, estive pensando – às vezes, penso - se foi criada até uma força-tarefa para investigar e prender corruptos, esse combate deveria ter inibido os mal intencionados e, pronto: o problema acabaria. Mas, não inibiu nada, pois de norte a sul, em cada rincão, no mais remoto fundão do Brasil, as notícias diárias mostram que a dita corrupção continua mais ativa do que nunca, desde um ministério, um postinho de saúde ou escolinha singela. As garras continuam afiadas. Até o Papa está preocupado.

Vamos lá! Onde quero chegar com essa conversa que não é novidade pra ninguém? Respondo: na corrupção nossa de cada dia. Sim, ela existe e é como se fizesse parte do DNA da nação.

Antes de continuar, quero lembrar aquela propaganda protagonizada pelo ex-jogador Gérson, da seleção brasileira de futebol nos idos anos 70, mais atual do que nunca. Em resumo, ele dizia: “O importante é levar vantagem em tudo”. A frase se tornou a Lei do Gerson que, penso, deve ter custado muito aborrecimento a ele tempos depois. É só procurar na Internet que ele está lá.

Quero chegar aos fatos e atos do cotidiano. Às leis que são feitas para não serem cumpridas, às leis que não foram escritas, mas sabenos muito bem que não devemos burlar; às inocentes idéias impregnadas no inconsciente coletivo como “o que é achado não é roubado”. Quando vejo as fotos ou vídeos de multidões gritando palavras de ordem contra a desonestidade de certos políticos, me pergunto quantos ali que não devolveram o troco a mais que receberam mesmo sabendo que a moça do caixa ia ter de prestar contas no fim do dia e tirar de seu magro salário? Quem já comprou nota fiscal ou deixou de emitir, de registrar a empregada doméstica, de pagar hora extra e tantas coisinhas inocentes que não levamos em conta? De furar fila, estacionar na vaga de deficiente ou de idoso mesmo no pleno vigor da juventude? Quem procurou o dono da carteira esquecida no banco do taxi, o dono do telefone celular. Não é assim que começa? Quem se colocou no lugar do outro? Vai faltar pra quem? Prejudicar quem? Who cares!

É só uma reflexão, não sou dona de nenhuma verdade, estou só querendo rever alguns (des) valores e princípios, mas acho que o clamor deveria se estender a cada um de nós para construir uma sociedade melhor, pois a sociedade somos nós. Começar na base da pirâmide.

Momento de parar e pensar. Refletir. Olhar para dentro. Não custa nada! Não vai corromper ninguém.