Inclusão escolar o ideal que necessitamos e o real que vivemos
A inclusão vem sendo defendida há anos por pessoas com necessidades especiais e seus familiares, buscando seus direitos e o seu lugar na sociedade. Uma sociedade inclusiva é aquela capaz de contemplar sempre, todas as condições humanas, encontrando meios para que cada cidadão, do mais privilegiado ao mais comprometido, exerça o direito de contribuir com seu melhor talento para o bem comum.
O movimento mundial que busca a educação inclusiva é uma ação política, cultural, social e pedagógica, a qual deu início à defesa do direito de todos os alunos permanecerem juntos, aprendendo e participando, sem nenhuma discriminação. A educação inclusiva constitui um modelo educacional baseado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores que não podem se dissociar, e que avança em relação à ideia de equidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora da escola. Ao reconhecer que as dificuldades enfrentadas nos sistemas de ensino evidenciam a necessidade de confrontar as práticas discriminatórias e criar alternativas para sua superação, a educação inclusiva assume espaço central no debate sobre a sociedade contemporânea e do papel da escola na superação da lógica da exclusão.
As questões relacionadas à inclusão vêm sendo discutidas entre os envolvidos neste processo devido à necessidade de repensar a forma de exercer sua função institucional, as mudanças e as reformulações pedagógicas necessárias para enfrentar o desafio da inclusão.
Precisamos de uma sociedade inclusiva que reconheça e valorize a diversidade, pois esta diversidade também é participativa e tem condições de contribuir para a mesma, independente das peculiaridades de cada ser humano. Como em todas as instituições de ensino existem as diversidades, e sabendo que a inclusão é determinada em Lei, e mesmo as escolas não estando preparadas para receber e trabalhar com o diferente precisaram buscar condições para atender a diversidade. Neste contexto sempre buscaremos a valorização da educação, pois para Paulo Freire como experiência especificamente humana, a educação é uma forma de intervenção no mundo.
A inclusão dos alunos com necessidades especiais na rede regular de ensino sempre foi um discurso distante das práticas educacionais. Então, devem ser elaboradas políticas públicas que visem à inclusão social onde inicie uma conscientização dos direitos do cidadão e da valorização do ser humano, rompendo assim a tradição assistencialista da educação especial.
A Inclusão Escolar
Nos dias atuais passamos por um período de transição de paradigma sobre a escolarização de alunos portadores de necessidades especiais. Apesar das políticas públicas estarem pautadas no movimento de inclusão educacional, convivemos simultaneamente com situações de exclusão, segregação, integração e inclusão. Então é natural que a escola apresente algumas resistências e preconceitos à inclusão dos alunos e até mesmo insira discursos que a presença desses alunos pode prejudicar o desempenho da escola em avaliações nacionais.
A educação para alunos portadores de necessidades especiais passou por algumas alterações nos últimos anos. Antes do movimento de inclusão educacional, foi presenciado o movimento de integração, cuja expectativa seria de que os alunos se adaptariam à rotina em sala de aula. Não se pode rejeitar a pertinência desse movimento. Afinal, antes dele, fazia parte do cotidiano dessas crianças o tratamento desigual e injusto, segundo o qual elas só podiam frequentar instituições adequadas às suas necessidades especiais. A escola, com suas práticas e seu conjunto de conteúdos, não foi questionada nem foi solicitada a revisar seu papel. Então, neste contexto, eram os alunos os que tinham a obrigação de estarem preparados para as exigências do universo escolar.
A palavra inclusão já possui implícita em seu sentido direto a ideia de exclusão, pois só podemos incluir alguém que esteja excluído. A inclusão está no campo da dialética inclusão/exclusão, onde existe a luta das minorias por seus direitos.
Atualmente nos debates sobre inclusão o ensino escolar brasileiro enfrenta o desafio de buscar soluções que atendam à questão do acesso e da permanência de todos os alunos em suas instituições educacionais.
Algumas escolas públicas e privadas já adotaram ações nesse sentido, ao apresentarem mudanças em sua organização pedagógica, de modo a reconhecer e valorizar as diferenças, sem diferenciar e segregar seus alunos.
A escola pública, em especial, se constitui em um grande campo plural e diversificado, marcado por várias dificuldades, enraizadas, principalmente, em condições educacionais desfavoráveis.
A inclusão escolar pode ser considerada um movimento político que busca a construção de escolas democráticas, em que a diversidade do corpo discente seja aceita e respeitada. A estrutura educacional vigente deve garantir o acesso de todos os alunos, especialmente dos que são e foram segregados por ela em sua história. E, mais do que o acesso, o estabelecimento de ensino deve garantir a permanência e o bom desempenho de todos. Para que a política de inclusão escolar possa ser bem-sucedida, para que possa satisfatoriamente atender as necessidades de todo o corpo discente, proporcionando a estes o desenvolvimento má- ximo de suas habilidades e potencialidades, é preciso que nossos sistemas escolares se atualizem, para que realmente estejam preparados para atender a todos.
Eu como Psicopedagoga de alguns alunos portadores de necessidades especiais e através das minhas visitas às escolas para acompanhamento, vejo a falta de comprometimento de alguns professores responsáveis pela sala e dos professores “cuidadores” que atuam a maior parte do tempo com o aluno. Percebo que não há troca de conhecimentos e informações o que acaba deixando a desejar no processo ensino/aprendizagem do aluno.
A família juntamente com os professores deverá partilhar da responsabilidade dos ensinos ministrados a estas crianças, dando apoio às mesmas, com utilização de recursos disponíveis tanto na sala de aula como fora dela, essas crianças com necessidades especiais precisam se relacionar com adultos que possuem as mesmas deficiências e que tiveram êxitos na vida baseando assim a vida dessas crianças e suas expectativas em algo real. As relações de cooperação e de apoio entre escolas, professores e pais são extremamente necessárias para tomada de decisões em seus filhos.
Finalizando o presente artigo gostaria de lembrar e reforçar sobre a acessibilidade arquitetônica que deve garantir o acesso, a mobilidade aos alunos onde é dever da sociedade e da escola, com o objetivo de fazer com que eles tenham facilidade para agir, independente de sua condição física, facilitando o acesso, adaptando estruturas, como rampas, banheiros, corredores, etc. Para assim, se tornar o mais fácil possível para a convivência de todos.
“Não progrediremos em nosso conhecimento autêntico e prático sobre o ser humano, enquanto não se aceitar o indivíduo tal como ele é.” Rudolf Steiner
Karina Cancian Psicopedagoga