Agência Parceira: RGB Comunicação

POR QUE NÃO SE MISTURA PSICOLOGIA E RELIGIÃO?

Primeiramente cabe esclarecer aqui que o fato de alguém ser psicólogo não lhe priva do direito de praticar sua religiosidade, seja ela qual for.

A confusão entre a ciência psicológica e a religiosidade é bastante comum entre as pessoas, e é compreensível que seja assim, tendo em vista que a psicologia é entendida como uma prática que visa a ajuda, assim como a religião.

Há alguns elementos em comum como: a compreensão, o acolhimento, a palavra amiga, etc.

Porém, está previsto no Código de Ética do Psicólogo que a este é vedado induzir o paciente a convicções religiosas. Mas se tanto a psicologia quanto a religião visam ajudar, qual a razão de ser vedada a junção entre elas?

Talvez o ponto mais claro seja: nem sempre o psicólogo irá compartilhar das mesmas convicções que o paciente.

Criando assim um atrito completamente desnecessário para o processo terapêutico, além de correr o alto risco de induzir o paciente a convicções que não fazem sentido algum a ele.

Aí pode vir o questionamento: “Mas e se o psicólogo e o paciente tiverem as mesmas convicções?”. Ainda assim, a religiosidade do terapeuta precisará ficar do lado de fora do consultório. É claro que o paciente pode trazer suas próprias questões religiosas para a psicoterapia, mas o terapeuta não pode permitir que as suas influenciem no seu manejo técnico da sessão.

Imagine que um psicólogo e um paciente iniciem um tratamento, ambos partilhando das mesmas convicções.

Passa algum tempo e o paciente decide mudar de religião, por questões pessoais e por ter encontrado mais sentido em outras práticas.

Como o paciente vai se sentir em relação ao terapeuta? Provavelmente vai sentir que vai decepcioná-lo, o que pode gerar constrangimento, levando a quebra do vínculo, e atrapalhando assim o andamento do processo terapêutico.

Usar a religião dentro do consultório pode ser uma forma de se aproveitar e até mesmo de enganar as pessoas que não compreendem como a psicologia deve funcionar.

A prática religiosa ajuda as pessoas, mas usá-la com uma roupagem de psicologia é uma questão de má fé, por duas razões: é desonesto por prometer uma coisa e entregar outra; e por travestir práticas religiosas de uma ciência da saúde para faturar sobre elas.

Ricardo Meloni Psicólogo

www.ricardomeloni.com.br

Instagram: @ricardomelonipsicologo